quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Colhe o que planta


Minha mãe sempre me ensinou a não brigar, não bater, tentar resolver as coisas no diálogo, não sei se é dela ou é meu, mas eu geralmente funciono assim não gosto de brigas, não gosto de discussões principalmente quando você sabe que não vai sair nada de bom dali.

Você pode não bater nos outros porque é errado, porque você pode ser preso ou vai ter um retorno, provavelmente físico e doloroso, é um entendimento que se aprende de um jeito ou de outro.

Um dia, a alguns anos atrás eu estava andando na rua, e eu tinha o péssimo hábito de bater nas plantas, tipo eu andava na rua tinha um ramo de uma planta pra fora do muro eu fazia um high five com ela, quanto mais alto melhor porque era mais emocionante de alcançar. Até que um dia numa rua fora do meu trajeto eu fiz exatamente a mesma coisa que eu sempre fazia, a planta tava lá no alto, me preparei, pulei, bati e gritei. A planta tinha uns espinhos enormes nos galhos dela que eu não tinha visto, um entrou na minha mão e deu um trabalho do caramba pra tirar e depois disso ainda ficou alguns dias dolorido. Hoje eu ando na rua e me da aquela vontade de pular e pegar a planta mas eu lembro desse dia. 

Moral da história:

Não é porque algo é inofensivo que você pode agredi-lo e não é porque algo parece inofensivo que realmente seja. 

Lição aprendida. o/



quarta-feira, 18 de julho de 2018

Sexismo e Padrões de Gênero


Sabe eu tenho pensando nisso a muito tempo, de vez em quando pipoca na minha cabeça, e hoje lendo o artigo da Caity Lotz e Candice Cameron do Shethority, me deu vontade de escrever a respeito. O texto fala sobre sexismo e padrões de gênero da sociedade e como isso afeta as pessoas.

Eu tive e tenho muita sorte de crescer numa família que me ama muito, mas de todo o percurso até aqui eu enfrentei algumas coisas que nem se compara a outras situações mais graves que outras pessoas já passaram e por isso eu tendo a não dar importância e não pensar no assunto, porque eu sei que tem muita gente que passou e passa por coisa pior, mas não muda o fato de que essas situações me marcaram, tanto que eu me lembro, como também me moldaram.

Eu sempre fui meio moleque, sempre gostei de correr, brincar, subir em árvore e pegar fruta do pé, até usava vestido quando era criança tinha um de palhaço que eu adorava (detalhe que detesto palhaço), um dia numa festa uma tia falou pra mim que menina não podia subir em árvore porque usava vestido, advinha o que eu nunca mais fiz questão de usar? Pois é. Eu era bem criança e me lembro bem desse dia. Hoje se eu sou obrigada a usar vestido por causa de alguma exigência de evento ou algo assim que não dê pra eu não ir, uso um short e uma camisa regata por baixo.  Desde sempre gosto de usar short, as raras vezes que usava saia vinham encher o saco pra sentar direito, não correr bla bla bla, também não uso mais.

Minhas tias sempre implicavam com minhas roupas porque não gosto de usar roupa curta nem com decote, e eu pensava meu Deus, se eu fosse daquelas meninas que usam roupa curta e com decote elas iam está reclamando também, isso me chateava demais.

Nas festas de aniversário, tinham lembrancinhas pra levar, de meninos era azul e de meninas era rosa, a de meninos vinha com carrinhos, bonecos e doces, e das meninas com uma bonequinha bebê e doces, era uma briga porque eu queria o brinquedo dos meninos também, uma vez numa festa de aniversário do meu primo, eu era pequena e minha mãe sempre falou pra respeitar os meus velhos, não discutir com eles e tal, mas nesse dia eu falei e reclamei com minha tia que eu queria a lembrancinha dos meninos que era muito mais legal, sai da festa com as duas e eu fiquei muito orgulhosa de mim mesma naquele dia por ter me defendido e defendido meu ponto de vista. Mas não tanto quanto eu fiquei a alguns anos atrás porque numa outra festa de aniversário, eu já adulta na festa de um outro primo criança, tinha as tais das lembrancinhas de menino e menina, e uma criança tinha pedido a lembrancinha que não era designada a si e a pessoa responsável estava dizendo que a criança estava errada e não podia levar, e a minha tia, a mesma tia com quem eu tinha discutido tinha tomado a frente pra defender o direito da criança de levar a lembrança que quisesse e que aquela proibição não tinha nada haver, nesse momento eu realmente senti muito orgulho da minha tia porque eu sabia o quanto ela tinha mudado e crescido.

Como eu tinha um jeito mais de moleque a minha vida toda eu ouvi comentários das minhas tias discutindo sobre minha sexualidade, teve uma situação quando eu já era adolescente que tava eu, meus primos e uma tia minha conversando de boa, de repente começaram a falar sobre emo, na interpretação da minha tia emo era o mesmo que gay, ai conversa vai e vem de repente ela solta uma que sempre esperava que eu virasse emo, todo mundo parou de falar e me olhou, ai meu primo falou que, não nada haver, emo se veste assim, faz assim e tal. Mais todo mundo entendeu o que ela tava querendo dizer. E eu sempre fui meio atrasada com questão a sexualidade, na minha escola tava todo mundo namorando e eu tava feliz da vida brincando de esconde- esconde na rua e assistindo desenho animado então, aquele comentário me constrangeu de uma forma que eu não sabia explicar, porque o que ela falou não era um pensamento na minha cabeça na época.

Todos esses comentários faziam eu me sentir errada, como se tivesse algo errado comigo, e quando realmente o entendimento de sexualidade chegou a minha consciência eu fiquei com medo porque eu lembrava dessas situações, do julgamento velado que esses comentários traziam e isso pesou muito na aceitação de quem eu sou, e eu tive que refletir muito pra entender que esses julgamentos eram problemas delas e não meu.

Essas são coisas simples e comuns, talvez já tenha acontecido com você, eu como adulta hoje, apesar de não me considerar muito gente grande, tento ter cuidado quando falo com crianças porque eu sei, eu lembro, que às vezes o que os adultos falam marcam a gente de uma forma que a gente nem tem noção. Crianças escutam e prestam atenção, e o pior vão interpretar as coisas baseado no conhecimento que elas tem do mundo que não é muito, talvez o adulto nem tenham a intenção de fazer a criança se sentir mal mas não é o trabalho da criança entender o contexto é trabalho do adulto ser claro e prestar atenção no que está falando.

Ps: essas situações de coisas de menino e coisas de menina sempre me irritaram, principalmente quando não me deixavam fazer algo usando esse argumento.

terça-feira, 6 de março de 2018

Subir a Montanha


Eu tenho me sentido estranha desde sábado, hoje não tava afim de fazer nada, ia jogar vídeo game porque é começar a jogar que o foco muda pro jogo, mas a pilha do controle tinha acabado e não deu pra jogar. Tava procurando alguma coisa pra assistir mas também não tinha nada que eu quisesse ver, ai pensei em assistir cenas legais de vários filmes. Comecei com o filme Poder Além da Vida que já assisti algumas vezes, acabou que o filme me prendeu e passei a assistir mesmo ele.

Num certo momento do filme perto do final o Mentor da historia fala pro menino que ele finalmente esta pronto pra ver algo que ele queria mostrar pra garoto desde o começo, e diz pra ele encontrar com ele no dia seguinte com tênis de caminhada, na cena seguinte eles parecem ta subindo uma planície ou montanha com árvores, ai o rapaz já cansado de caminhar pergunta se já chegaram, ai o mentor olha pra um lado e pro outro e diz que já, ai o rapaz olha ao redor e não vê nada de extraordinário, e pergunta é isso?, ai o mentor fala é aquilo que está no chão, ele aponto pro chão e o garoto enxerga uma pedra, ai o rapaz fica muito chateado, e o mentor pergunta o porque já que ele tava tão feliz nas três horas de caminhada que ele até parecia uma criança numa manhã de natal, ai o rapaz explica que é lógico que ele tava feliz o cara tinha dito que ele ia ver algo que finalmente tava pronto pra ver e no final era uma pedra. Ai o mentor diz talvez eu devesse ter avisado antes, lamento que não esteja mais feliz.

Nesse momento eu senti como se tivesse levado um soco no estômago, eu tava deitada assistindo e levantei puxando ar como se não conseguisse respirar e quando percebi tava chorando. Meu cachorro faleceu fez um mês domingo ele já estava a 9 anos com a gente e foi bem sofrido, e essa cena me fez perceber que tudo que vivemos até aquele ponto éramos nos subindo aquela montanha e que estávamos felizes subindo, mesmo quando ele ficou doente, mesmo quando ficou pesado, mesmo quando estava doendo por não poder fazer mais, mesmo quando eu falei que eu não conseguia mais sozinha, mesmo quando foi difícil, estávamos felizes porque ele estava aqui, e mesmo que alguém tivesse falado que se chegasse no topo da montanha ia terminar como terminou, eu não trocaria aquela felicidade da subida, porque não importa como vai terminar o que importa é viver o momento e ao longo de todos esses anos vivemos vários momentos com ele.

No filme o rapaz para pra pensar no que o mentor disse, depois conclui e fala pra ele. “A Jornada, é a jornada que traz a felicidade e não o destino.”